sábado, 25 de fevereiro de 2023

A República da Realeza



Passei minha vida toda ouvindo que o Brasil é uma República. 
Em algumas épocas inclusive, uma República de Bananas. 
Mas, estou aqui para dizer que cheguei à conclusão de que, na verdade, nossa “Pátria amada, salve, salve” é uma monarquia. 
Antes que você venha rebater com duzentos anos de argumentos, permita-me dar uma explicação real:
Qual foi o título dado ao já saudoso Edson Arantes do Nascimento, também conhecido como Pelé?
Rei do futebol!
Aí você dirá que isso não é o bastante afinal, nem tudo é futebol...
Então falemos de uma antiga namorada do Rei do Futebol: qual o título atribuído a cidadã Maria das Graças “Xuxa” Meneghel?
Rainha dos Baixinhos!
É pouco?
Então vamos lá: quando a maior festa do país começa, a quem são dadas as chaves das cidades?
Ao Rei Momo!
E o Carnaval nada mais é que “O Reinado de Momo”. 
E o Roberto Carlos? Não o grande lateral esquerdo da Seleção e sim, o cantor e intérprete de várias e maravilhosas canções...
É o Rei da Música!
Até entre os passarinhos no Brasil existe a realeza pois, segundo o também saudoso Jair Rodrigues, temos a “Majestade Sabiá “.
Ainda falando de música, temos o Rei do Brega, Reginaldo Rossi. 
Bom esclarecer para quem não conhece que trata-se do estilo musical e não do estabelecimento. 
Esse aliás, toda “Coroa” conhece. 
Temos também Emilinha Borba, a Rainha do Rádio. 
Já Hebe Camargo foi a Rainha da Televisão. 
Lá pelos anos oitenta, Gretchen e seu bumbum avantajado, era a Rainha do Rebolado. 
Roberta e Sula, ambas Mirandas, eram as Rainhas dos Sertanejos e dos Caminhoneiros, respectivamente. 
Não podemos esquecer de Fernanda , Montenegro que é a Rainha da Dramaturgia e de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião.  
Para não dizer que só falei de música, futebol e coisas antigas, devo informar que tem um sujeito chamado Carlinhos Maia que é considerado o Rei da Internet. 
Vez em quando assisto na TV algumas competições que elegem os Reis e Rainhas da Praia ou das Quadras mas, essas são as realezas mais provisórias que existem. 
E isso se estende até mesmo aos plebeus pois, por exemplo, conheço um cara chamado Reinaldo que é tão cheio de “não-me-toques” que, dizem os vizinhos, ele parece ter “um Rei na barriga”, seja lá o que isso queira dizer. 
Às vezes, a pessoa muito popular é chamada de Rei ( ou Rainha) do pedaço. 
Quando o sujeito está se dando bem na vida, dizem que ele virou “o Rei da Cocada Preta” que, por sinal é um doce delicioso. 
Tem uns políticos que são conhecidos como Reis das Fake News mas, desse assunto prefiro “realmente” não falar. 
Na Bahia, todo mundo pode ter título de realeza pois, segundo o baianês que só Ivete Sangalo usa, todo baiano chama o outro de “meu Rei”.
Tem uma musiquinha antiga que dizia que, a mamãe é a “Rainha do Lar”.  Mas, esse tipo de realeza está em extinção, graças a Deus. 
Cada um que faça suas obrigações e dívida as tarefas, ora pois!
Já na gastronomia podemos citar, e talvez só os mais velhos lembrem, das deliciosas Bananas Reais que comíamos na infância. 
O abacaxi tem coroa;
A bicicleta também;
Então, entre tantos Reis e Rainhas, eu que sou plebeu só me sinto majestade quando passo o dia no trono por causa daquela feijoada que não caiu bem mas, que estava realmente uma delícia e era um verdadeiro banquete digno de um Rei. 

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

A Chupeta Desaparecida



Essa aconteceu na sexta-feira de Carnaval, a noite. 
Estávamos eu, minha esposa e meu sogro, por volta das oito e meia da noite, já relaxados enquanto o bebê brincava pela casa com algumas panelas que, ele próprio tinha pego na cozinha, sem pedir autorização a ninguém. 
Ocorre que, o pequeno herdeiro de minhas dívidas só dorme se munido de um pequeno pano e sua inseparável chupeta apesar de que, durante os períodos em que está acordado, tem o hábito de atirar ambos para longe, independente de para qual lado esteja virado. 
Já sabendo deste costume, tomei como atividade preventiva sempre procurar onde a chupeta haveria de ter parado, algum tempo antes da hora do sono do bebê. 
Às vezes, encontro fácil, outras vezes nem tanto. 
Neste dia em especial, estava bem complicado de encontrar a bendita chupeta. 
Procurei na piscina de bolinhas,  cima da mesa, atrás da porta, na varanda, nos quartos, na cozinha e nada. 
Vendo minha dificuldade, logo minha esposa e meu sogro se juntaram a busca e, em certo momento, não havia mais onde procurar. 
Apelei até mesmo para a memória do bebê, perguntando ao próprio onde se encontrava a  desaparecida chupeta, o que trouxe até a situação hilária dele estar nos ajudando na busca  
Eu olhava embaixo do armário da cozinha, a esposa dentro do berço, o sogro no quintal e o bebê procurava embaixo da mesa. 
Já no auge da preocupação com o sono daquela noite, a esposa decretou:
- O jeito vai ser correr até a farmácia e comprar outra chupeta!
- E se ele não “pegar”? – respondi, sabendo que a marca que ele costuma usar exige uma certa dificuldade em encontrar no comércio local. 
Discutimos brevemente o assunto mas, acabamos por entrar em consenso que não havia outro jeito, senão arriscar. Era isso ou ninguém dormiria aquela noite. 
Corri até a esquina apenas para constatar que, em plena sexta-feira de Carnaval, as nove da noite, ambas as farmácias estavam fechadas. 
Corri até o centro do bairro, que dá mais ou menos uns vinte minutos de caminhada, pelas ruas que, naquele momento, se encontravam escuras e desertas atrás da tal chupeta, determinado a comprar qualquer marca que encontrasse. 
Lá chegando, encontrei duas farmácias abertas e, para minha felicidade, na primeira que entrei, encontrei exatamente a marca que meu bebê costuma chupar. 
Comprei uma na cor laranja pois, estava convencido de que a anterior estava tão difícil de encontrar por ser da cor branca. 
- Quero ver essa sumir – pensei. 
Voltei correndo para casa, a fim de chegar antes do bebê resolver dormir e evitar o dramático pranto por conta da falta de um dos dois itens imprescindíveis para seu sono. 
Mais vinte minutos de caminhada e cheguei em casa, tomando imediatamente a providência de colocar a bichinha para escaldar na água fervendo afinal, cuidado nunca é demais. 
Tomei um banho e pude finalmente relaxar, sentado no sofá. 
O bebê ainda brincava pela casa e, como não podia deixar de ser, passamos a cogitar onde poderia ter parado a bendita chupeta branca. 
- Creio que só a encontraremos amanhã, por causa da cor branca – ponderei  
De repente, sem o menor aviso, minha esposa gritou:
- Encontrei a chupeta!
- Onde? – gritamos ainda mais alto, eu e meu sogro. 
- Está na boca do nenê!
Olhamos para o bebê e, estarrecidos, vimos que ele chupava despreocupadamente a bendita chupeta branca, que tanta dor de cabeça havia nos causado. 
Foi aí que entendemos o que tinha acontecido: ele a havia guardado dentro de uma das panelas que estava usando como brinquedo e ninguém sequer pensou em procurar ali dentro. 
Percebendo que todos estávamos olhando surpresos em sua direção, o bebê sorriu, tirou a chupeta da boca, apontou em nossa direção e, finalmente, decretou:
- Bibi do nenê. 
E voltou aos seus afazeres que, certamente para ele, era mais importante que nossa surpresa. 

Felicitações

A primeira mensagem chegou antes das sete da manhã.  - Felicidades, minha amiga! Que dure para sempre! Como a Almerinda sempre foi meio desc...