segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

A Chupeta Desaparecida



Essa aconteceu na sexta-feira de Carnaval, a noite. 
Estávamos eu, minha esposa e meu sogro, por volta das oito e meia da noite, já relaxados enquanto o bebê brincava pela casa com algumas panelas que, ele próprio tinha pego na cozinha, sem pedir autorização a ninguém. 
Ocorre que, o pequeno herdeiro de minhas dívidas só dorme se munido de um pequeno pano e sua inseparável chupeta apesar de que, durante os períodos em que está acordado, tem o hábito de atirar ambos para longe, independente de para qual lado esteja virado. 
Já sabendo deste costume, tomei como atividade preventiva sempre procurar onde a chupeta haveria de ter parado, algum tempo antes da hora do sono do bebê. 
Às vezes, encontro fácil, outras vezes nem tanto. 
Neste dia em especial, estava bem complicado de encontrar a bendita chupeta. 
Procurei na piscina de bolinhas,  cima da mesa, atrás da porta, na varanda, nos quartos, na cozinha e nada. 
Vendo minha dificuldade, logo minha esposa e meu sogro se juntaram a busca e, em certo momento, não havia mais onde procurar. 
Apelei até mesmo para a memória do bebê, perguntando ao próprio onde se encontrava a  desaparecida chupeta, o que trouxe até a situação hilária dele estar nos ajudando na busca  
Eu olhava embaixo do armário da cozinha, a esposa dentro do berço, o sogro no quintal e o bebê procurava embaixo da mesa. 
Já no auge da preocupação com o sono daquela noite, a esposa decretou:
- O jeito vai ser correr até a farmácia e comprar outra chupeta!
- E se ele não “pegar”? – respondi, sabendo que a marca que ele costuma usar exige uma certa dificuldade em encontrar no comércio local. 
Discutimos brevemente o assunto mas, acabamos por entrar em consenso que não havia outro jeito, senão arriscar. Era isso ou ninguém dormiria aquela noite. 
Corri até a esquina apenas para constatar que, em plena sexta-feira de Carnaval, as nove da noite, ambas as farmácias estavam fechadas. 
Corri até o centro do bairro, que dá mais ou menos uns vinte minutos de caminhada, pelas ruas que, naquele momento, se encontravam escuras e desertas atrás da tal chupeta, determinado a comprar qualquer marca que encontrasse. 
Lá chegando, encontrei duas farmácias abertas e, para minha felicidade, na primeira que entrei, encontrei exatamente a marca que meu bebê costuma chupar. 
Comprei uma na cor laranja pois, estava convencido de que a anterior estava tão difícil de encontrar por ser da cor branca. 
- Quero ver essa sumir – pensei. 
Voltei correndo para casa, a fim de chegar antes do bebê resolver dormir e evitar o dramático pranto por conta da falta de um dos dois itens imprescindíveis para seu sono. 
Mais vinte minutos de caminhada e cheguei em casa, tomando imediatamente a providência de colocar a bichinha para escaldar na água fervendo afinal, cuidado nunca é demais. 
Tomei um banho e pude finalmente relaxar, sentado no sofá. 
O bebê ainda brincava pela casa e, como não podia deixar de ser, passamos a cogitar onde poderia ter parado a bendita chupeta branca. 
- Creio que só a encontraremos amanhã, por causa da cor branca – ponderei  
De repente, sem o menor aviso, minha esposa gritou:
- Encontrei a chupeta!
- Onde? – gritamos ainda mais alto, eu e meu sogro. 
- Está na boca do nenê!
Olhamos para o bebê e, estarrecidos, vimos que ele chupava despreocupadamente a bendita chupeta branca, que tanta dor de cabeça havia nos causado. 
Foi aí que entendemos o que tinha acontecido: ele a havia guardado dentro de uma das panelas que estava usando como brinquedo e ninguém sequer pensou em procurar ali dentro. 
Percebendo que todos estávamos olhando surpresos em sua direção, o bebê sorriu, tirou a chupeta da boca, apontou em nossa direção e, finalmente, decretou:
- Bibi do nenê. 
E voltou aos seus afazeres que, certamente para ele, era mais importante que nossa surpresa. 

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