Francine Frufru era a pessoa mais chique que você poderia conhecer.
Classe média, bem apessoada e bem relacionada, Francine Frufru era a pessoa que você deveria seguir e imitar, se quisesse saber o que é ser chique.
Um dia, como acontece com todo mundo, chegou o aniversário de cinquenta anos de Francine Frufru. Eu disse cinquenta? Frufru, como toda pessoa chique, jamais revelou sua idade. Eu, que a conheço a muito tempo, deduzi ser esta a sua idade.
E não revelo esse meu achismo a ninguém para que, de repente, eu não acabe sendo desconvidado de tão chique festa de aniversário.
Como toda pessoa chique que se preze, Francine Frufru, contratou um buffet, mandou fazer lindos convites dourados que, ao serem abertos, tocavam uma bela melodia e, chique que só mesmo ela, organizou aquela que seria a mais inesquecível das comemorações que aquela cidade jamais vira e jamais verá novamente.
Para a recepção, mandou chamar uma pessoa da capital. Primeiro porque precisava de alguém profissional, segundo porque assim era mais chique e, principalmente, terceiro porque assim, garantiria que ninguém entraria na festa sem trazer presente.
Afinal, tinha coisa menos chique que entrar numa festa de aniversário sem trazer um belo presente para o aniversariante?
Mas, infelizmente, tem gente cara de pau que não é chique.
O dia da festa chegou e, como esperado, foi um sucesso de chiqueza! Tudo saiu de forma esplendorosa e chique.
Francine Frufru estava linda em seu belo vestido vermelho, a decoração estava impecável, a comida maravilhosa e, as pessoas falaram daquele sensacional evento por muitos anos.
No dia seguinte, a primeira coisa que Francine Frufru fez foi conferir os presentes.
Com a lista em mãos, constatou que os números não batiam.
Cento e trinta e sete convidados e apenas cento e trinta e quatro presentes.
Frufru recontou mais duas vezes e, realmente faltavam três presentes.
Mas este absurdo não ficaria assim! Não mesmo!
Era só conferir os nomes na lista e, facilmente descobriria quem foram os três caraduras que não cumpriram com sua obrigação...
Sentou-se no sofá de veludo, colocou os óculos de marfim e olhou atentamente para a lista de convidados.
Tal qual não foi sua surpresa quando percebeu que, nenhum daqueles nomes ali escritos lhe eram familiares.
Ligou para a empresa que forneceu o recepcionista e fez a devida reclamação.
A empresa, por sua vez, informou, garantiu a afirmou que nenhum tipo de erro ou troca havia acontecido em relação à lista de convidados.
Abriu devidamente um processo contra a empresa e contratou um detetive para desvendar que mistério havia ocorrido com sua lista de convidados.
Após um mês inteiro de intensa investigação, finalmente o detetive trouxe uma solução para tal enigma.
- Não existe erro na lista – afirmou o detetive.
- Como não há erro, se não conheço nenhuma destas pessoas? Eu convidei o Tiquinho, a Mococa, o Pançudo... E aqui tem Marinês, Carlos, Heitor...
Foi então que o detetive explicou que, os nomes pelos quais as pessoas eram conhecidas na cidade, não eram seus verdadeiros nomes e sim, apelidos.
- O Futrica por exemplo, se chama Moacir – falou o detetive – A única forma da senhora descobrir quem não trouxe os presentes é descobrindo o nome verdadeiro de todo mundo na cidade.
Tal procedimento, além de ser difícil, ainda não era nada chique portanto, Francine Frufru achou que nem valia a pena tanto trabalho.
Mas, só por garantia, no ano seguinte, Francine Frufru exigiu na lista a assinatura, RG e foto de todos os convidados
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