sábado, 15 de outubro de 2022

A Carta Sincera



“Querida Risolinda, 
Venho, através destas linhas tortas, desentortar o que está entortando nossas vidas vividas de forma tão vívidas. 
Talvez você estranhe essa primeira frase mas, vi em um livro e achei tão bonita que resolvi começar com ela, apesar de não ter entendido direito o que isso tudo quer dizer. Na verdade, não entendi foi nada. 
Uma vez explicado isso que nem eu sei explicar, vou tentar explicar o que quero explicar com esta explicativa carta. 
É carta que fala hoje em dia?
Porque não vou mandar pelo correio, com selo e tudo mais, igual antigamente mas, vou mandar pelo correio eletrônico, sem selo, como se faz hoje em dia. Fica a dúvida: é carta, não é carta ou é carta eletrônica?
Bom, uma hora dessas eu pesquiso sobre isso. 
Gostaria de me desculpar pela noite de ontem, apesar de que, eu estava tão bêbado que nem sei se fiz alguma coisa errada. 
Eu até sonhei que fiz alguma besteira mas, não sei se sonhei ou se fiz e não sei se fiz. Na verdade, nem sei se sonhei ou se estava acordado. 
É engraçado esse negócio de sonho. 
Uma vez sonhei que estava acordado e, quando acordei, estava dormindo. 
Mas, voltando a ontem a noite, fiquei aqui pensando com meus elásticos (porque não gosto de roupas com botões, eles soltam muito facilmente hoje em dia), se eu deveria ou não te escrever essa carta, que nem sei ainda se é carta ou não, para me desculpar por algo que eu nem sei se fiz. 
Porque tem desculpa que é indesculpável para desculpar, se você me desculpa a redundância. 
O que me leva a pensar: se fossemos três, eu deveria usar a palavra redundância ou triangulancia?
Essa língua portuguesa é o diabo!
Por falar em diabo, sua mãe estava na festa ontem?
Porque, se minha sogra estava lá, com certeza fiz algo errado e, neste caso não sei mesmo se devo pedir desculpas ou não. 
Porque, me perdoe a sinceridade mas, sua progenitora é uma prova de que Deus pode até não ter dado asas às cobras, mas deu pernas e língua grande para algumas. 
Não sei como um abacaxi daqueles pode ser mãe de um morango igual a você. Por falar em morango, que zorra seu irmão botou naquela bebida de morango? Nunca bebi um troço tão ruim e forte como aquele. 
O que me faz pensar mais uma vez: se eu fiquei bêbado e fiz alguma coisa errada, não foi minha culpa e sim do seu irmão!
Dito isto e chegando a esta conclusão, desisto de me desculpar e só volto a falar com você quando aquele frangote do queixo fino me pedir desculpas! E não aceito desculpas por correio eletrônico porque não vou saber se a letra é dele ou sua. 
Sendo assim, termino esta porcaria que não sei até agora se é carta ou não, para o bem de todos e felicidade geral da nação. 
Caso você queira tirar alguma dúvida estarei no Bar Álcool em Zé, tomando uma para rebater essa ressaca miserável que estou sentindo, por culpa de seu irmão. 
Não vou assinar porque já vai aparecer meu nome aí em algum lugar e também porque termino ainda sem saber o nome do que estou escrevendo e só assino carta e cheque sem fundo. 
Despeço-me com um enter, que também não sei o que significa. 
Ai ré voar e mé sí bocu.

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