Ninguém me perguntou mas, vou falar assim mesmo: já ando de saco cheio dessa história de tira máscara, coloca máscara.
Mas, enquanto não resolvem, vou falar umas verdades sobre isso!
A primeira vez que botei esse troço na cara, fiquei tão sufocado que pensei que ia morrer asifi... asquici... aficis... sem ar!
Depois fui me acostumando e até achei legal postar umas fotos no Instagram.
Teve uma que botei um chapéu de vaqueiro e me senti o próprio Durango Kid.
Minha filha disse que a quarentena estava me deixando doido mas, eu gostei.
Depois tirei o chapéu e coloquei óculos escuros.
Minha esposa quando viu, deu um berro, jogou a panela de feijão para cima e pediu para, pelo amor de Deus, eu levar o dinheiro e poupar a vida dela.
Eu não gostei porque, além de quase ficar viúvo com o susto que a criatura tomou, ainda tive que comprar almoço para todo mundo da casa durante três dias, a fim de repor o feijão perdido.
Nunca chorei pelo leite derramado mas, lamentei muito o feijão desperdiçado.
Na rua, foi outro problema: para mim, todo mundo poderia ser um assaltante em potencial pronto para aproveitar o uso das máscaras e me assaltar.
Percebi que muita gente me olhava com medo também.
Vê lá se tenho cara de ladrão! Se bem que, de máscara não se vê cara e nem coração.
O pior mesmo foi os calotes que tomei.
As pessoas começaram a comprar fiado em meu pequeno comércio e, quando eu ia cobrar, diziam que não tinham comprado e arrematavam me desafiando a mostrar seus rostos nas câmeras de segurança.
Tomei tanto prejuízo que precisei colocar um aviso dizendo que só venderia fiado a quem pudesse me comprovar ser a própria pessoa antes da compra.
Deu problema com Itamar Indigente que, por ser idoso, não tinha mais a carteira de identidade e se recusava a tirar uma nova.
Comecei a vender máscaras descartáveis afinal, meu avô já dizia que, quem entra no mar tem que aprender a nadar.
Aí me apareceram uns sem noção querendo só pagar pelas bichinhas depois de testarem se elas duravam mesmo quatro horas!
Acabei desistindo da mercadoria. O lucro não compensava a aporrinhação.
O bom é que muita gente feia conseguiu se embelezar por causa das máscaras.
Tinha máscara da Nike, máscara do Homem Aranha, máscara com frase motivacional e surgiu até uma invenção criada pelo Marquinho Marqueteiro, que era a máscara outdoor.
Começou com uma máscara com a inscrição: “anuncie aqui” e logo o malandro usava cinco máscaras por dia, cada uma com o nome de uma empresa diferente.
Até eu aderi e paguei para o malandro usar uma com o nome do meu comércio!
O problema foi no dia que ele foi fazer propaganda da máscara do Motel Gemidos Vibrantes com a cama e com a mulher do Pedro Pançudo
Marquinho teve que sair correndo pela rua, só de máscara, pelado, enquanto o chifrudo corria atrás dele com uma peixeira de dez polegadas.
Foi constrangedor e péssima propaganda para o motel.
Ou talvez não...
Para mim foi legal porque, como sou bem feinho mas tenho grandes e bonitos olhos castanhos, comecei a ser paquerado na rua.
Nunca correspondi às paqueras por dois motivos justos:
1 – poupei muitas mulheres da decepção de ver o resto da minha fuça, sem a máscara;
2 – minha esposa, delicada como uma pétala, disse que se soubesse que eu estava de gracinha com mulheres na rua por causa de meus belos olhos, daria um jeito de fechar os dois para que assim ninguém os visse.
Na dúvida se ela ia me ninar para dormir ou me levar ao sono a base de socos eu, franzino que sou, preferi não arriscar e aproveitei a autorização do governo para parar de usar as máscaras.
Mas, já soube que, com tanta gente se vacinando contra a COVID, esqueceram de tomar a vacina da gripe e vamos ter que usar máscaras novamente.
Eita país de gente indecisa ...
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