quinta-feira, 6 de outubro de 2022

Pedalo Mais Que a Dilma


Não sou um atleta, longe disso.
Mas, jogava meu futebolzinho dia de sábado e andava de sunga na praia aos domingos. 
Porém, o que sempre gostei de fazer mesmo era andar de bicicleta.
Ah, isso sim me dá prazer e disposição!
Minha bicicleta tem até nome: Jurema.
Na cidade em que eu morava, pedalava todos os dias da semana. Para lá e para cá, eu e Jurema, pelas rodovias, calçadas e calçadões de minha amada terrinha.
Porém, devido a uma destas desventuras da vida, fui transferido por conta do trabalho, para uma outra cidade, menos bonita, menos evoluída, sem calçadões e, principalmente, sem manutenção em calçadas e rodovias.
Eis que resolvi, para meu posterior desgosto eterno, ir logo no primeiro dia para o trabalho, pedalando em minha querida Jurema.
Saí de casa por volta de quatro e meia da manhã, pois o trajeto era relativamente longo e, eu precisaria obviamente de um banho e troca de roupas quando lá chegasse.
Empurrei Jurema até o portão e, assim que nela subi e comecei a pedalar, caí em um buraco que se encontrava logo em cima da calçada e me arrebentei no chão. Contrariado, disse algumas palavras direcionadas à digníssima senhora mãe do prefeito e, voltei para dentro de casa a fim de tomar banho e trocar de roupas.
Tornei a sair e, desta vez desviando do maldito buraco, segui caminho pedalando com Jurema.
Os primeiros cinco minutos transcorreram sem problemas. Mas, só os primeiros cinco minutos.
Em uma esquina, fui atacado impiedosamente por um grupo composto de uns seis ou sete cachorros, que me perseguiram durante vários metros.
Durante a fuga, um deles rasgou um pedaço de minha meia e, na agonia para me livrar daqueles dentes afiados, tomei outra queda.
Após, literalmente sair no braço com os animais (para diversão de um grupo de crianças que, com gritos de alegria, assistia minha batalha), consegui afugentá-los e segui viagem.
O joelho ralado na queda incomodava, por isso fui obrigado a pedalar de formas mais lenta. Isto me fez rezar com toda minha fé para que, não encontrasse mais nenhum grupo de cachorros pelo caminho.
Alguns minutos depois, percebi que o pneu traseiro de Jurema estava um pouco mais baixo e, quando fui conferir, descobri que um dos malditos cães havia furado o dito cujo.
Carreguei a bicicleta por vários metros até chegar à uma oficina.
Aliás, para me informar onde ficava esta oficina, um cidadão me cobrou dois reais, o que achei barato, pois cheguei a pensar que seria assaltado.
Na oficina, um sonolento funcionário fez o serviço em tempo recorde... para uma tartaruga. Nunca tinha visto tanta demora em um trabalho tão simples. Saindo da oficina, mesmo com o joelho dolorido, tive que acelerar as pedaladas pois, acabaria me atrasando já no primeiro dia de trabalho. Mais à frente, percebi o pneu novamente vazio e, percebi que o ar escapava pelo “pito”. Não irei reproduzir aqui os pensamentos que me vieram à mente neste momento pois, se assim o fizer, não tem censura que deixe este texto passar.
O fato é que acabei chegando no trabalho carregando Jurema nos ombros pois, caí em outro buraco ao desviar de um carro em alta velocidade, e quebrei o eixo do guidão de minha querida bicicleta.
Tomei um banho rápido, coloquei um band-aid no ralado do joelho e me apresentei ao chefe. Tomei uma reprimenda por causa do atraso e, ainda ouvi a secretária dizer baixinho:
“ Tirado a playboy, querendo vir trabalhar de bicicleta. Um homem velho desses”.
Decidi, por todos estes motivos a não levar Jurema nunca mais para o trabalho. Tive que, após o expediente, passar novamente na oficina, onde o funcionário estava ainda mais sonolento e resmungando que, “já estava no fim do expediente e ainda teria que fazer mais aquele serviço”, a fim de consertar o maldito guidão.
A partir deste dia, utilizei o transporte público para me locomover de casa para o trabalho e, Jurema, ficou apenas para os momentos de lazer.
Os meses passaram e, com a diminuição em minha carga de exercícios, comecei a ganhar peso e criar uma barriguinha, afinal, não jogava mais futebol, não tinha praia para andar de sunga e não pedalava mais todos os dias como antes.
Foi então que, em um determinado dia, ao sair de uma reunião com o chefe, ouvi sua secretária dizer:
- “Seu” Arnaldo, quando veio trabalhar aqui era até um coroa bonito. Depois, a preguiça não deixou mais andar de bicicleta e agora está assim: gordo e barrigudo. Gente preguiçosa é uma merda mesmo!

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