quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Vamos Qatar Recordações



Eu acho um desatino essa Copa do Mundo em dezembro. 
Aqui no nordeste, a Copa nada mais é que um complemento das festas juninas. 
A gente já está comemorando o São João, aproveita e grita gol do Brasil. 
Aqui se assiste os jogos tomando licor, comendo amendoim cozido, milho e, comemoramos as vitórias dançando forró ao redor da fogueira. 
Aí essa tal de FIFA, só para encher ainda mais as turras de dinheiro, inventa essa aberração no final do ano! Nem tiveram a decência de fazer o troço durante as festas natalinas!
Não teria amendoim e licor mas, ao menos, seria em uma data festiva!
Mas, pensando nisso, me toquei em outras coisas que senti falta esses dias:
1 Os Bolões – com esse negócio de tecnologia pra lá e pra cá, inventaram uns bolões por aplicativos de bancos, por site de apostas e sei lá mais por onde. Antes, todo barzinho tinha o seu e com suas regras. Só podia “colar” resultado uma vez, se ninguém acertasse, o dinheiro era da organização e, quando alguém ganhava sozinho, gastava tudo em cerveja no bar do próprio organizador do bolão. 
2 As Figurinhas – eu sei que a moda de colecionar figurinhas com os jogadores das seleções ainda existe mas, cá entre nós, tá muito cheio de frescurites. 
É álbum caro, é figurinha de jogador valendo uma fortuna, é figurinha sendo trocada...
Antes funcionava assim:
Álbum tinha um monte de tipos diferentes e de tudo quanto era preço. Saía até um carro com alto falante vendendo as figurinhas e trocando as premiadas pelos brindes. 
Porque sim, cada página completada dava direito a um prêmio. O difícil era conseguir a figurinha que completava a página. Já tive álbum em que todas as páginas faltavam uma única figurinha para completar e, eu nunca as achei. 
E não pensem que eu chegava a esse patamar comprando envelopes e mais envelopes, até porque, só vinham três figurinhas em cada um deles. 
E nem tinha esse negócio de trocas. A gente conseguia as figurinhas que queria era no “bafo”. 
E, se você não sabe o que é “bafo”, vou te explicar: pegávamos nossas figurinhas repetidas e desafiávamos outro colecionador. As figurinhas eram colocadas com a face voltada para baixo e, após baforar a mão com nossa própria boca, para dar aderência, a batíamos sobre as figurinhas e, as que virassem eram nossas. Normalmente terminava em briga. 
3 As Tabelinhas – tem coisa mais saudosista que as tabelinhas das Copas?
A gente assistia o sorteio dos grupos ansiosos, anotando tudo, apenas para resenhar com os amigos porque, alguns dias depois, desde as lojinhas do comércio local até às grandes marcas de bebidas, inundavam as ruas com as famosas tabelinhas com os grupos, datas e jogos da Copa onde, preenchíamos com caneta Bic ou Kilométrica. 
Eu sempre tinha três ou quatro tabelas de diferentes tamanhos e empresas fornecedoras e, inclusive, conheci um cara que preenchia uma de lápis com seus palpites e uma de caneta com os resultados reais. Não acertava quase nada. 
E já que o assunto é saudades, lembrei de duas coisas que eu gostava muito, sinto saudades mas, não tem nada a ver com Copa do Mundo: gincanas e cartões de Natal. 
As gincanas, para quem não sabe, eram competições onde as pessoas montavam equipes e cumpriam tarefas, elaboradas pelos organizadores, que valiam pontos. 
A equipe que mais acumulasse pontos era campeã. 
No auge, cheguei a participar de uma equipe que contava com cento e vinte pessoas. 
Ao final do segundo dia de competições, os moradores do bairro se aglomeravam para celebrar o resultado da peleja e comemorar ao som de atrações musicais que se apresentavam em cima de trios elétricos.
E os Cartões de Natal... Raramente vistos hoje em dia, eram a maior de todas as tradições da época. Eram lindos cartões, simples ou duplos, com ou sem musiquinhas, lindamente decorados, normalmente com detalhes dourados, onde as pessoas escreviam felicitações e mensagens de esperança para o ano que se aproximava. 
Eles podiam ser trocados entre as pessoas ou incluídos nas embalagens de presentes. 
Eu, como era meio tímido e, em certa época andava arrastando asas para uma galega linda chamada Vânia, resolvi criar uma nova modalidade de mensagens em cartões natalinos: a paquera.
 E, após comprar um musical mais belo que encontrei no comércio, escrevi meus mais românticos pensamentos, caprichei na letra e, junto com um presente que não lembro mais qual foi, na véspera do Natal, logo pela manhã, o coloquei em um envelope rosa e, timidamente, entreguei para minha bela Vânia que, após ler, me presenteou com um sorriso. 
A noite, durante a confraternização, ela se aproximou e me entregou um outro cartão ao qual abri ansiosamente e, nele, li as seguintes palavras, escritas com suas letras delicadas:
- Obrigada por ser quem você é. Amei suas palavras e você até que é bonitinho mas, só quero sua amizade. 
Nem tudo eram flores mas, ao menos, posso dizer que fui pioneiro em uma nova tradição: tomar fora através de Cartão de Natal. 


Um comentário:

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