Ajeitei o celular, procurando o melhor ângulo, e cliquei.
Sim, cliquei. Porque sou velho e nostálgico e coloquei propositalmente o barulhinho saudoso do clique das antigas máquinas fotográficas.
Olhei o visor do celular e fiquei sinceramente satisfeito com o resultado.
A pessoa fotografada, que não por coincidência, é minha esposa, olhou a foto fez uma careta e comentou:
- Gostei não. Fiquei feia.
Peguei novamente o celular, caprichei no ângulo, medi direitinho a distância, enquadrei minha digníssima e cliquei mais uma vez.
Realmente ficou uma obra de arte.
A paisagem, a beleza natural de minha cutcut e o talento do fotógrafo formaram uma verdadeira perfeição em forma de fotografia.
Feliz e empolgado, mostrei a minha companheira.
Ela olhou, franziu uma sobrancelha e falou:
- Fiquei gorda. Tira outra.
Tornei a olhar a foto e, intimamente, discordei mas, preferi nada dizer.
Tomei um pouco mais de distância, fiz um melhor enquadramento e cliquei.
Admito que, quando olhei a nova foto, tive que concordar que a anterior não estava tão perfeita assim.
Mas essa, essa estava perfeita!
Orgulhoso, entreguei o celular a minha thuca e aguardei os agradecimentos.
Ela, coçou a cabeça e falou:
- Meu cabelo ficou feio. Tira outra.
Agora tinha virado questão de honra!
Ajeitei o brilho, o zoom, o enquadramento, o flash e, tornei a clicar.
Vou te dizer sem modéstia: nem Leonardo da Vinci faria um quadro melhor.
Com aquela cara de “quero ver você botar defeito agora”, tornei a entregar o celular a minha digníssima.
Ela olhou, sorriu e disse:
- Minha roupa ficou desarrumada. Tira outra.
Respirei fundo, fiz uma oração a Santa Verônica de Jerusalém, padroeira dos fotógrafos e me posicionei para tirar uma nova foto.
Desta vez levei uns cinco minutos ajeitando tudo para tirar a foto mais que perfeita.
Tirei a foto mais espetacular da história! Tudo simplesmente impecável, lindo, maravilhoso e perfeito.
Entreguei uma outra vez o celular a minha amada.
Ela olhou, fez uma careta, levantou uma sobrancelha, sorriu e, finalmente falou:
- Essa ficou até bonitinha.
Respirei aliviado afinal, melhor “bonitinha” que ter que tirar outra foto.
- Ótimo! Agora podemos continuar o passeio? – perguntei satisfeito.
- Claro que não – respondeu minha bilubilu – Essas fotos foram só para testar. Agora que vou me ajeitar para tirar a foto de verdade. E vê se tira uma melhor que essas.
Sorri amarelo para que, a vontade de chorar não ficasse transparente.
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