quinta-feira, 6 de outubro de 2022

My Name Is...


Já falei em outra Crônica que nome é uma coisa que deveriam esperar que crescêssemos para escolher.
Conheço pessoas que odeiam seu nome. Conheço uma Maria que gostaria de ter qualquer outro nome, menos este. 
Tem outros que não gostam porque acham feio.
Alguns, sofreram tanto na escola que, nem ligam mais.
E tem o nosso personagem de hoje.
Este cidadão nasceu em 1994, ano em que nossa seleção de futebol conquistou a Copa do Mundo após vinte e quatro anos de jejum.
E nasceu justamente no dia da final, horas depois do título.
O pai, que se chama Carlos, saiu da maternidade para registrar a criança e, depois de tomar um belo de um porre na dupla comemoração do nascimento de seu primeiro filho e do título recém levantado, foi ao cartório registrar a pobre criança.
A questão era que Carlos, além de ligeiramente bêbado, era ligeiramente gago, problema que a bebida só fez piorar.
- Re-re-registra co-como Ro-ro-ro-ro-ro...
O tabelião, com toda paciência que lhe cabia ter e no auge da sensibilidade e compreensão com o problema de dicção do cavalheiro sentado à sua frente, tentou ajudar.
-Ronaldo?
- Não,não. É Ro-ro-ro-ro...
- Romualdo?
- Que no-nome ho-horroroso. É Ro-ro-ro-ro...
E travava nesse “ro-ro-ro” que não saia para nada.
A questão é que toda paciência de funcionário público só dura até a fila crescer ou até o horário de serviço estar prestes a terminar. 
E, na ocasião, as duas coisas estavam acontecendo ao mesmo tempo.
Lembrando então da conquista futebolística que acabara de acontecer, o tabelião, num estalo, achou que tinha matado a charada:
- Já sei – gritou, até assustando o colega ao lado – Ro-ro-ro só pode ser Romário! É óbvio! Como não percebi isso antes?
E, enquanto falava, já ia preenchendo o documento.
- Não, não – disse o embriagado pai – Esse ca-ca-cara ma-ma-ma-ma-marrento nun-nun-nunca vai ser ser ser ser o no-no-nome de meu filho.
- Então não sei – falou o já impaciente e não tão compreensivo tabelião.
- Mas es-es-estou ten-ten-tentando fa-fa-falar!
- Então fale, meu senhor – respondeu já olhando para o relógio de pulso.
Carlos respirou fundo e tentou recomeçar:
- Re-re-registra co-co-como Ro-ro-ro-ro... 
- Ro? – perguntou ansioso o funcionário ao lado, que já se mostrava apreensivo e curioso com a situação pois, já tinha organizado um bolão com os demais funcionários para ver quem acertava qual era o nome escolhido para a criança.
- Por favor, diga que é Robson para que eu ganhe o bolão – gritou o porteiro, esperançoso.
- Não, não – respondeu já impaciente com tanta interrupção, o pobre Carlos – De-de-deixa eu ter-ter-termi-mi-mi-nar.
Com toda a repartição, incluindo aí os funcionários e os cidadãos que acompanhavam a situação escutando atentos, o homem respirou fundo e, finalmente, conseguiu esclarecer:
- Re-re-registra co-co-como Ro-ro-ro... Rosana, mi-mi-minha es-es-esposa pe-pe-pediu, Ma-ma-marcio.
Até hoje não sei se foi vingança ou um mal-entendido mas, assim ele foi registrado: Mamamarcio Oliveira Soares.

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