Vânia Vaidosa olhou a si mesma e não gostou do que viu.
- Gostei não – falou fazendo uma careta.
Paulo Paciência suspirou.
- Experimenta outro então.
Falou por falar pois, já sabia que a esposa experimentaria, ele falando ou não.
A vendedora trouxe outra peça.
Vânia Vaidosa tornou a se admirar no grande espelho e, após alguns segundos, respirou intensamente e concluiu:
- Gostei desse também não.
Novo suspiro de Paulo Paciência e um sorriso amarelo da vendedora.
Logo, outra peça foi trazida.
Vânia Vaidosa colocou as mãos na cintura e decretou:
- Me deixou gorda.
A simpática vendedora trouxe outra peça menor.
Vânia Vaidosa demorou um pouco mais desta vez.
Olhou, olhou, olhou novamente, olhou mais uma vez...
- Achei feio.
Paulo Paciência já mais envergonhado que paciente, falou:
- O jeito é experimentar outro.
A vendedora, mais paciente que Paulo Paciência, providenciou outra peça.
Vânia Vaidosa, mais uma vez encarou o espelho.
- Tem outro? Não gostei dos detalhes...
E assim foi com pouco mais de uma dezena de peças.
Paulo Paciência, que já havia perdido a paciência, saiu para tomar um chopp na praça de alimentação e a vendedora, já não tão sorridente e com ar de cansada, passava a demonstrar uma certa pressa afinal, quem ganha por comissão não pode demorar tanto tempo com um cliente só.
Não dá para saber se por ter gostado ou se por acanhamento mas, quando Paulo Paciência voltou meio bêbado, Vânia Vaidosa finalmente se decidiu por um bordadinho meio amarelado e até sem graça, para dizer a verdade.
Após a compra efetuada, na saída da loja, Vânia Vaidosa comentou com o marido:
- Eu nem gostei muito mas, fiquei sem graça de olhar tantos e não comprar nenhum.
Com toda paciência que ainda havia restado, Paulo Paciência apenas respondeu:
- Eu não entendo para que escolher tanto. Espelho é tudo igual mesmo: um pedaço de vidro com uma moldura ao redor.
Vânia Vaidosa preferiu não responder.
Homem não entende nada de decoração.
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