Fabio Festança estava sentado, com sua cervejinha ao lado, ouvindo o som que saía dos potentes alto-falantes do seu carro.
Foi aí que o estranho problema começou.
Um rapaz baixinho, “troncudo” e ostentando um belo bigode, se aproximou com um bebê, que chorava muito, no colo.
Até aí, normal. Afinal, bebês chorando não são novidade para ninguém que já tenha a oportunidade de ter visto um de perto.
O que causou estranheza foi o fato do rapaz, em meio a tanto espaço livre, sentar com o bebê aos berros, justamente ao lado de Fabio Festança.
Ele estranhou mas, como não era o dono da rua, não podia reclamar.
Pegou o controle remoto e abaixou um pouco o som do carro.
A criança berrava em uma altura que parecia impossível para alguém tão pequeno.
Após quase quinze minutos de choradeira, a criança finalmente dormiu.
O rapaz “troncudo” então, levantou-se e entrou em uma casa ao lado.
Fabio Festança não entendeu nada mas, também não se preocupou com o assunto.
Voltou a aumentar o som e beber sua cerveja.
Por volta de meia hora depois, eis que o rapaz “troncudo” retornou com seu bebê chorando e, mais uma vez, sentou ao lado de Fabio.
O Festança, incomodado com o berreiro da criança, levantou e sentou-se em uma cadeira mais afastada. Porém, para sua surpresa, o rapaz o seguiu e voltou a sentar ao seu lado, com a criança chorosa.
Contrariado, Fabio Festança pagou a conta e foi embora do bar, se livrando daquele barulho infernal.
Eis que, uma semana depois, Festança voltou ao bar e, como sempre fazia, pediu uma cerveja e ligou o som do carro. Era um domingo a tarde e, para acompanhar a cerveja gelada, nada melhor que um pagode.
Mas, para surpresa e descontentamento de Fabio, não demorou muito e o rapaz “troncudo” apareceu com o bebê berrando e sentou ao seu lado.
Já meio irritado, Fabio resolveu tentar entender aquele estranho comportamento.
- O senhor precisa de alguma coisa? – perguntou.
O rapaz, após pensar um pouco, respondeu:
- Na verdade, sim. O senhor pode, por favor, destampar essa mamadeira?
Fabio destampou e, ainda sem entender nada, assistiu ao rapaz, calma e tranquilamente alimentar a criança que, após estar satisfeita, dormiu.
O rapaz agradeceu, levantou e entrou na casa ao lado.
Pensando na quantidade de malucos a solta pelo mundo, Fabio pediu outra cerveja.
Passados aproximadamente vinte minutos, adivinhem, lá vem o rapaz “troncudo” novamente com o bebê chorando e sentou-se ao lado de Festança.
E tome a criança berrar ao lado de Fabio e o rapaz, permanecia ninando a criança tranquilamente, como se nada de diferente estivesse acontecendo.
Fabio Festança então, de forma decidida, desligou o som do carro e confrontou o rapaz para ver se, finalmente fazia com que ele se tocasse no quanto estava sendo desagradável e inconveniente:
- Chora muito esse bebê, não é?
- É, rapaz. Toda vez que acorda é esse berreiro horrível.
- E, sempre que ele acorda, você o traz aqui para o bar?
- Não – respondeu tranquilamente, o rapaz – só trago quando o senhor está aqui.
- E o senhor pode me explicar então o motivo pelo qual, toda vez que eu estou aqui, este bebê é trazido para chorar ao meu lado?
- Posso sim.
- Então, em nome de Deus, explique!
- É que, normalmente, ele dorme a tarde toda e só acorda lá pelas seis horas.
- E onde eu entro nessa história?
- Minha esposa se queixa muito do chororô e exige que eu ajude nessas horas. Está certa ela, né?
- Até que está...
- Ela diz que, temos que dividir esse tipo de responsabilidade...
- Ainda não entendi que raios eu tenho a ver com isso.
- É que, como quem sempre está acordando o bebê é esse seu som infernal, eu decidi que o senhor também tem que dividir esse barulho comigo. Aliás, já que acorda a criança e me obriga a vir aqui para fora, podia ao menos me oferecer um copo de cerveja, para me ajudar a suportar todo esse barulho...
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