E ontem foi o dia da posse de Zé Mané como prefeito de minha cidade.
A maioria da população nem sabe quem é este cidadão.
Já uma minoria jura que o conhece, seja como vizinho, seja como frequentador dos bares da cidade.
Mas, nossa equipe de reportagem, composta por Dona Fulô, Dona Martinha e seu Jesuíno, notórios fofoqueiros, descobriu tintim por tintim tudo que aconteceu. Ocorreu que Teodoro, nosso prefeito eleito e carregado nos braços do povo, se meteu em umas falcatruas que jura não serem verdadeiras, e foi caçado pela Câmara dos Vereadores, com a ajuda inestimável de seu vice que, jura Dona Fulô, estava com os “olhos grandes” no cargo de Teodoro.
Apesar de negar e jurar inocência com uma mão na Bíblia e a mente na conta da Caixa, o pobre Teodoro foi finalmente caçado.
Aí colocaram o vice, Toinho, no lugar dele.
Toinho ficou no cargo por duas semanas quando o presidente da Câmara dos Vereadores, Judas da Silva, apareceu com uma gravação onde, Toinho, aparecia recebendo propina para não taxar o terreno de uma igreja.
Toinho jurou por Deus, por Jah e por Oxalá que, aquele não era ele e sim, um sósia contratado por Judas.
Não adiantou. Foi caçado também.
Assumiu Judas da Silva, o novo prefeito, que só ficou no cargo por dez dias.
Imaginem que acusaram o pobre Judas de desvio de merenda escolar.
Ele, logicamente, negou.
- Nunca peguei sequer um Mirabel dos recursos destinados à merenda de nossas crianças!
Não adiantou. Foi caçado.
O autor da acusação? O primeiro vice-presidente da Câmara dos Vereadores, próximo na linha de sucessão à prefeitura.
Foi caçado. Nossa cidade mais estava parecendo um safari. Não ficou nem cinco dias no cargo.
O segundo vice-presidente o acusou, com provas gravadas de ligações entre celulares, de desvio de dinheiro nas obras da praça municipal.
Esse nem teve tempo de se defender, coitado.
O segundo vice-presidente, conhecido como Tomé do Carreto, pulou para o cargo de prefeito
Durou um mês. Cheguei até a pensar: ”agora vai”!
Mas não foi.
O primeiro secretário, Alcir da Caçamba, o acusou de lavagem de dinheiro e trouxe tudo filmado.
O problema é que o cabeçudo esqueceu que, ele e o segundo secretário também apareciam nas filmagens do esquema. Nem chegaram a assumir.
Pensaram em fazer novas eleições mas, resolveram colocar o vereador mais votado dos seis eleitos.
Um a um foram caçados pelos seus sucessores.
O safari estava tão animado que todas as figuras públicas foram caçadas e/ou presas.
Do vereador ao assessor, não sobrou ninguém.
E foi aí que entrou Zé Mané, o gari mais famoso da cidade.
Sem eleições, sem sequer se candidatar, Zé Mané se tornou o único servidor público que não estava metido em nenhuma falcatrua.
Carregado nos braços do povo e sem saber o motivo, foi nomeado prefeito, por falta de outra opção.
Afinal, novas eleições precisavam de mais dinheiro e nenhum cidadão confiava em deixar dinheiro nas mãos dos políticos da cidade.
Zé Mané aceitou com a condição de o deixarem varrer a cidade.
A população foi ao delírio achando que ele falava em limpar a cidade da corrupção. Mas, o que Zé Mané queria mesmo era continuar varrendo as ruas porque tem mania de limpeza.
Está no cargo a dois meses mas, já fiquei sabendo que, Dona Ritinha, famosa catadora da cidade, abriu um processo contra o prefeito Zé Mané, por desvio de vassouras da prefeitura.
- Ele usava duas vassouras por semana, e isso é um verdadeiro absurdo!
Zé Mané jura inocência mas, pode ser caçado a qualquer momento.
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