quinta-feira, 6 de outubro de 2022

A Sucessão Municipal


E ontem foi o dia da posse de Zé Mané como prefeito de minha cidade. 
A maioria da população nem sabe quem é este cidadão.
Já uma minoria jura que o conhece, seja como vizinho, seja como frequentador dos bares da cidade. 
Mas, nossa equipe de reportagem, composta por Dona Fulô, Dona Martinha e seu Jesuíno, notórios fofoqueiros, descobriu tintim por tintim tudo que aconteceu. Ocorreu que Teodoro, nosso prefeito eleito e carregado nos braços do povo, se meteu em umas falcatruas que jura não serem verdadeiras, e foi caçado pela Câmara dos Vereadores, com a ajuda inestimável de seu vice que, jura Dona Fulô, estava com os “olhos grandes” no cargo de Teodoro. 
Apesar de negar e jurar inocência com uma mão na Bíblia e a mente na conta da Caixa, o pobre Teodoro foi finalmente caçado. 
Aí colocaram o vice, Toinho, no lugar dele. 
Toinho ficou no cargo por duas semanas quando o presidente da Câmara dos Vereadores, Judas da Silva, apareceu com uma gravação onde, Toinho, aparecia recebendo propina para não taxar o terreno de uma igreja. 
Toinho jurou por Deus, por Jah e por Oxalá que, aquele não era ele e sim, um sósia contratado por Judas. 
Não adiantou. Foi caçado também. 
Assumiu Judas da Silva, o novo prefeito, que só ficou no cargo por dez dias. 
Imaginem que acusaram o pobre Judas de desvio de merenda escolar. 
Ele, logicamente, negou. 
- Nunca peguei sequer um Mirabel dos recursos destinados à merenda de nossas crianças!
Não adiantou. Foi caçado. 
O autor da acusação? O primeiro vice-presidente da Câmara dos Vereadores, próximo na linha de sucessão à prefeitura. 
Foi caçado. Nossa cidade mais estava parecendo um safari. Não ficou nem cinco dias no cargo. 
O segundo vice-presidente o acusou, com provas gravadas de ligações entre celulares, de desvio de dinheiro nas obras da praça municipal. 
Esse nem teve tempo de se defender, coitado. 
O segundo vice-presidente, conhecido como Tomé do Carreto, pulou para o cargo de prefeito 
Durou um mês. Cheguei até a pensar: ”agora vai”!
Mas não foi. 
O primeiro secretário, Alcir da Caçamba, o acusou de lavagem de dinheiro e trouxe tudo filmado. 
O problema é que o cabeçudo esqueceu que, ele e o segundo secretário também apareciam nas filmagens do esquema. Nem chegaram a assumir. 
Pensaram em fazer novas eleições mas, resolveram colocar o vereador mais votado dos seis eleitos. 
Um a um foram caçados pelos seus sucessores. 
O safari estava tão animado que todas as figuras públicas foram caçadas e/ou presas. 
Do vereador ao assessor, não sobrou ninguém. 
E foi aí que entrou Zé Mané, o gari mais famoso da cidade. 
Sem eleições, sem sequer se candidatar, Zé Mané se tornou o único servidor público que não estava metido em nenhuma falcatrua. 
Carregado nos braços do povo e sem saber o motivo, foi nomeado prefeito, por falta de outra opção. 
Afinal, novas eleições precisavam de mais dinheiro e nenhum cidadão confiava em deixar dinheiro nas mãos dos políticos da cidade. 
Zé Mané aceitou com a condição de o deixarem varrer a cidade. 
A população foi ao delírio achando que ele falava em limpar a cidade da corrupção. Mas, o que Zé Mané queria mesmo era continuar varrendo as ruas porque tem mania de limpeza. 
Está no cargo a dois meses mas, já fiquei sabendo que, Dona Ritinha, famosa catadora da cidade, abriu um processo contra o prefeito Zé Mané, por desvio de vassouras da prefeitura. 
- Ele usava duas vassouras por semana, e isso é um verdadeiro absurdo! 
Zé Mané jura inocência mas, pode ser caçado a qualquer momento.

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