Genoveva e Armandinho, depois de quinze anos de casados, resolveram separar. Decidiram que, não envolveriam a justiça na questão e resolveriam, por eles mesmo, como seria feita a divisão dos bens.
- A televisão fica comigo – começou Armandinho – você sabe que não posso ficar sem os jogos do meu Bahêa.
- Nesse caso, a geladeira é minha – respondeu Genoveva – preciso dela para guardar os alimentos.
- Mas, como vou assistir futebol sem minha cerveja?
- Problema seu. Compre uma caixa de picolé. Se você fica com a televisão, eu fico com a geladeira.
- Se o papai ficar com a televisão, eu fico com ele – interrompeu o filho de quinze anos – preciso da TV para jogar videogame.
- Se o Júnior for ficar com você, leve o guarda-roupas dele e deixe o maior aqui, afinal você quase que não tem roupas mesmo – ponderou a mulher.
- Aí não é justo – protestou o homem – Serão duas pessoas usando um guarda-roupas só. Nós ficamos com o grande e você com o pequeno. E, como somos dois, fico também com a cama de casal.
- Eu não vou dormir na cama junto com você – protestou Júnior.
- Não aceito devoluções – gritou a mãe – falou que ia ficar com o pai, vai ficar com o pai. E, como vocês não vão dormir juntos, fico com a cama de casal!
- Então eu fico com o jogo de sofá – ponderou Armandinho – afinal, o Júnior tem que ter um lugar para dormir.
- Eu na cama e você no sofá, né pai?
- Mas de jeito nenhum! A cama é minha e o sofá é seu.
- Eu fico com o fogão e você com o micro-ondas – interrompeu a mãe.
- E onde vou cozinhar? – reclamou o pai.
- E desde quando você sabe cozinhar? Para você e o Júnior, basta o micro-ondas. Podem levar esse troço que só serve para gastar energia elétrica.
- Levo o liquidificador então – respondeu o pai.
- E que uso você vai ter para o liquidificador se não sabe nem fazer um suco?
- Não importa, se você fica com uma coisa, eu fico com outra. Depois eu vejo para que vai servir.
- Fico com a mesa da sala – resolveu a mãe.
- Então eu fico com as cadeiras – definiu o pai.
- E o que eu vou fazer com uma mesa sem cadeiras?
- Não faço ideia, mas se é para dividir direitinho, eu tenho direito às cadeiras.
- Desse jeito não dá certo – gritou a mãe – ou você me dá as cadeiras ou eu procuro o nosso advogado!
- Eu fico com o advogado! Você fica com a contadora.
- Como eu vou te processar para tomar as cadeiras se você ficar com o advogado? Isso não é justo!
- Quem vai ficar com o carro? – interrompeu o filho, já de olho em sua própria comodidade – Fico com quem ficar com o carro!
-Sua mãe já vai ficar com a casa, então o carro é meu.
- Nem pensar! Você fica com a moto e as duas bicicletas, mas o carro vai ficar com a Genoveva aqui – falou a mãe batendo no peito.
- Desse jeito não dá, vou ligar para o advogado!
Pegou o celular e ligou para o advogado e quando atendido, conversou por dois minutos e desligou.
- Querida, o advogado me fez achar que é melhor a gente não se separar.
Genoveva pegou o telefone e também falou com o advogado.
- Acho que você tem razão, querido. Vamos separar não.
Intrigado, o filho questionou o motivo da mudança repentina de ideia dos pais e obteve a seguinte resposta de sua mãe:
- Com o preço que ele cobrou, depois de pagarmos, não ia sobrar nada para dividir. O valor foi tão alto que até o amor voltou.
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