Agora durma com um barulho desses: Josué implicou que sua esposa, a Josefina está lhe traindo!
- Ela está muito estranha, compadre! Eu tenho faro para isso.
- Mas Josué – perguntei – por que você pensa isso da pobre Josefina?
- Ela anda cheia de segredinhos com a irmã. É cochicho pra cá, cochicho pra lá... Andou olhando coisas em sites de roupas masculinas e, o pior, ouvi ela falando de um homem pequeno que está para chegar. Não, compadre, nesse mato tem coelho. Tem coisa muito errada aí.
Como Josué é muito teimoso, não sou advogado de Josefina, não é de minha conta e em briga de marido e mulher, só se mete a colher se estiver saindo facas, resolvi me calar.
Encontrei o sujeito uma semana depois e, ele estava ainda mais irritado e desconfiado de que a esposa estava o traindo.
- Está pior, meu compadre! Agora, quando eu entro em casa, ela e a irmã param de conversar. Outro dia, quando passei, minha cunhada estava rindo de mim. Vai me convencer de que não tem algo errado nesta história?
Como eu disse antes, preferi não me meter na história e me fiz de macaquinho oriental: não ouvi, não vi e nem falei nada.
Passei mais ou menos uns quinze dias sem ver meu amigo desconfiado.
Confesso que fiquei até preocupado com seu sumiço. Sei lá, ele no fim das contas, poderia estar certo e ter feito alguma besteira.
Liguei para ele pois, achei que era o mais sensato.
- Alô – atendeu sussurrando.
- É você, Josué?
- Sou. Mas não posso falar agora, compadre. Descobri que é hoje que a Josefina vai se encontrar com o safado que está me corneando.
- Onde você está Josué? – perguntei aflito.
- Eu disse a ela que ia trabalhar, dei a volta no quarteirão, pulei o muro dos fundos e entrei em casa escondido.
- Mas para que isso?
- Para pegar os dois no flagra!
- Você vai fazer besteira, Josué!
- E você acha que vou estragar minha vida por quem não vale nada? Vou é dar um flagrante e botar ela e o desconjuro da irmã para fora de casa.
- Mas...
- Vou desligar, compadre. Acho que o carro do meliante está chegando.
E desligou, me deixando aflito e preocupado.
Tentei retornar a ligação mas, aparentemente ele havia desligado o telefone.
Passaram-se duas horas até que Josué, finalmente, atendeu minha ligação.
- Alô, compadre – atendeu com voz de embriagado.
- E aí, o que aconteceu? Flagrou os dois?
- Que flagrei nada! Josefina estava era me preparando uma festa de aniversário surpresa e uma comemoração porque está grávida de um menino! Eu vou ser papai, compadre!
- Ainda bem que não foi traição – comentei aliviado.
- Que traição que nada! Muito me admira você que conhece a tantos anos minha esposa, pensar num absurdo desses! Minha esposa é uma santa e minha cunhada, vou te contar, pessoa muito direita. Mesmo que fosse o caso de traição, ela jamais aceitaria participar disso. Você precisa deixar de ser assim, compadre...
- Assim como? – perguntei ofendido.
- Desconfiado. Eu passei o tempo todo te dizendo que não era traição e você insistindo nesta conversa. Nem parece que é meu amigo...
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